Durante uma semana, 55 juízes recém-empossados na Justiça do Paraná e do Piauí passaram por uma maratona de cursos e palestras, conheceram alguns dos mais importantes tribunais e instituições públicas do país e puderam até demonstrar seu lado “tiete” ao assediarem renomados magistrados que estão diariamente na televisão. Para muitos deles, participar do III Curso […]
Durante uma semana, 55 juízes recém-empossados na Justiça do Paraná e do Piauí passaram por uma maratona de cursos e palestras, conheceram alguns dos mais importantes tribunais e instituições públicas do país e puderam até demonstrar seu lado “tiete” ao assediarem renomados magistrados que estão diariamente na televisão. Para muitos deles, participar do III Curso de Iniciação Funcional de Magistrados foi a oportunidade para ter uma visão mais global do Poder Judiciário – rara mesmo entre julgadores experientes – e de sua interação com os demais atores político-institucionais da República. Iniciativa da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo (Enfam), o curso tem justamente a intenção de nacionalizar a nova geração da magistratura, dando-lhe conhecimentos e ferramentas para atuar como efetivos agentes políticos do país.
A juíza, Mariana Marinho Machado, 28 anos, avaliou que uma semana de curso foi insuficiente para absorver toda a riqueza temática da qualificação. “Com os cursos e as visitas a tribunais superiores, temos uma oportunidade de ver o conjunto do Judiciário em funcionamento”, comentou a jovem magistrada que deixou Salvador (BA) para servir na Justiça piauiense.
Seu colega de estado, o juiz Sílvio Valois, 29 anos, espera que os magistrados multipliquem e apliquem os conhecimentos adquiridos durante a estadia em Brasília. “Para mim ficou claro que o juiz deve, sem perder de vista suas obrigações e prerrogativas, abrir a porta do tribunal e conhecer seu povo”, afirmou. Valois afirmou ter se inspirado com as palestras que apresentavam soluções para as batalhas a serem enfrentadas no dia-a-dia da magistratura, como a proferida pelo juiz Álvaro Kalix Ferro sobre a violência contra a mulher.
Fazer a diferença
Já a juíza paranaense Fraciele Cit, 30 anos, disse que escolheu a carreira porque viu na magistratura uma oportunidade de fazer a diferença na sociedade. “Os cursos da Enfam salientaram exatamente esse papel emancipador da Justiça. Nesse viés, eu destaco a palestra da doutora Raquel Chrispino sobre o subregistro civil e a do combate às drogas do desembargador Antonio Malheiros”, apontou. A juíza confidenciou que alguns colegas chegaram às lágrimas com alguns dos dramas apresentados.
“Hoje o juiz deve ter um pouco de Psicólogo e aprender a ouvir. Não aprendemos isso na faculdade de Direito”, apontou Thiago Cavicchioli Dias, 30 anos, também da turma de juízes paranaenses. O magistrado afirmou que sempre foi uma pessoa contestadora e que, desde antes da faculdade, acreditava que juízes podem fazer a diferença na vida das comunidades. Para Cavichiolli, o contato com os colegas de outras comarcas do interior paranaense foi essencial. “Podemos ver que enfrentamos realidades semelhantes e desafiadoras em todo o lugar. O que a Enfam acrescenta é que também há respostas e a quem recorrer”, destacou.
Além do aprendizado, os novos juízes também tiveram seus momentos de “tietes”, não economizando nos flashes nos encontros com as altas autoridades do Poder Judiciário, como o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, o ministro Gilmar Mendes, também do STF, e a ministra Eliana Calmon, diretora-geral da Enfam.