Mídia não tem compromisso com o Judiciário e sim com a opinião pública, alerta jornalista

Na sua apresentação no V Curso de Iniciação Funcional para Magistrados, nesta quarta (26/06), o jornalista da Rede Globo, Heraldo Pereira, destacou que os magistrados devem levar em conta que a obrigação do jornalista é informar a sociedade e não agradar tribunais ou governos. O curso é organizado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento […]

Na sua apresentação no V Curso de Iniciação Funcional para Magistrados, nesta quarta (26/06), o jornalista da Rede Globo, Heraldo Pereira, destacou que os magistrados devem levar em conta que a obrigação do jornalista é informar a sociedade e não agradar tribunais ou governos. O curso é organizado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – Ministro Sálvio de Figueiredo (Enfam) e nesta edição reúne em Brasília 134 juízes recém empossados do Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraíba, Rio de Janeiro e Rondônia.

Heraldo Pereira, que também tem formação em Direito, lembrou uma frase do jornalista e escritor estadounidense, Carl Rowan, que dizia que não haver perguntas embaraçosas, apenas respostas embaraçosas.  Para o palestrante, os magistrados devem ser cuidadosos no trato com a mídia. “A apresentação é a alma do negócio, mesmo para o Judiciário. E são as ‘bobagenzinhas’ que fazem a diferença na Comunicação”, destacou.

Quando alguém entra na magistratura, ele afirmou, a pessoa física desaparece e o juiz passa a representar todo o Poder Judiciário.  “O juiz não pode fazer certas coisas, pois uma coisa pequena espalhada pelo Facebook ou pelo Twitter pode se tornar uma verdadeira tragédia”, avisou. Segundo o jornalista, hoje tudo é gravado, retransmitido e ampliado pelas mídias formais, como os jornais tradicionais, e informais, como blogs. “O erro pode até ser local, mas hoje o dano é global”, salientou.

O jornalista disse que é importante que tribunais entendam e trabalhem em conjunto com a mídia. “Se a Justiça não faz comunicação, ela perde ‘musculatura’, ela deixa de ter significado para sociedade”, disse. Ele lembrou que há alguns anos o falecido senador Antônio Carlos Magalhães tinha um projeto para extinguir a justiça do trabalho. Ocorreram diversos protestos e a proposta foi arquivada. Heraldo Pereira acrescentou ainda que a informação não deve sair com “defeito” da própria instituição, levando em conta informações básicas para o trabalho da imprensa. “São as informações contidas no que chamamos de lead: o quê, quem, quando, onde, como e por quê”, concluiu.