Grupo é composto por juízas e juízes do TJSC, TJPR e TRF4
“Façam diferente em um país que precisa de gente que faça a diferença. Contribuam para construir um país melhor. Não importa o que aconteça em volta, lembrem-se de que não temos poder sobre o que os outros fazem, mas apenas sobre o que nós fazemos. Portanto, faça você o melhor papel que puder”, recomendou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, à turma de magistradas e magistrados recém-empossados no Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (TJSC), no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) e do TRF4. O encontro ocorreu na noite da última quinta-feira (24) na sala de sessões da primeira turma do STF, e teve a participação do vice-presidente do STF, ministro Edson Fachin, e do diretor-geral da Enfam, ministro Benedito Gonçalves.
Ainda em seu discurso, Barroso disse que magistradas e magistrados não devem sucumbir a pressões e devem ter coragem de fazer o que deve ser feito, sem medo, porque “o universo protege pessoas que agem com bons propósitos. Quando cumprimos nossa missão de vida, nem elogios nem críticas nos desviam do caminho que escolhemos seguir”, afirmou. O presidente do STF disse também que o compromisso dos integrantes da magistratura é com o país. “Quando fazemos a coisa certa, temos sucesso na vida. Não é reconhecimento externo, mas a realização pessoal de quem se tornou a melhor versão de si”, refletiu.
Outro conselho do presidente do STF foi em relação à postura que magistradas e magistrados devem adotar em audiências, como representantes da Justiça. “Para o cidadão comum, a audiência é um momento importante na vida dele. É o único contato com o Judiciário e a imagem que levará da Justiça é a forma como for tratado. Portanto, sejam cordiais com todas as pessoas que comparecerem ao tribunal. Cada juiz é a face do Judiciário e a gente quer que o Judiciário tenha uma boa imagem e seja bem percebido pela sociedade”, disse.
O ministro Fachin falou em seguida e destacou a missão dos magistrados. “Uma missão focada na justiça, igualdade, proteção de direitos humanos de cada cidadã e cidadão. A magistratura é mais que um exercício técnico, é um sacerdócio, um chamado que exige não somente conhecimento jurídico profundo, mas a coragem de agir em busca do que diz a nossa Constituição”, falou o vice-presidente do STF. Em seguida, apresentou 10 ideias para contribuir nesse momento de início de carreira, o que disse esperar que traga realização e propicie um lugar mais justo para nosso país.
Entre elas, recomendou que juízes estudem sempre e busquem conhecer a fundo as realidades do Brasil. “É preciso ter pés no chão e olhar os desafios do nosso país. É preciso ter olhos para ver o mundo que nos rodeia e se questionar: ‘O meu progresso pessoal está a serviço do progresso da minha comunidade?’ Nós vivemos em uma sociedade que reclama e merece nosso olhar. Não podemos ser indiferentes. É preciso sentir-se tocado pela beleza, pela tragédia, pela dor e pelas alegrias, que são transeuntes nos nossos processos, mas a elas não devemos ser indiferentes”, observou.
Por fim, o ministro Benedito Gonçalves destacou que a Enfam abriu as portas para os magistrados e jamais fechará. “Enquanto vocês exercerem a jurisdição, a sociedade quer e terá juízes competentes, independentes e imparciais. A Constituição instituiu a Enfam para acompanhar e regular, junto com as escolas estaduais e federais, toda a caminhada de vocês. Para termos juízes competentes e independentes, temos que ter um completo aperfeiçoamento permanente, e aqui estará sempre a Escola, como uma mão amiga”, finalizou.
Foto: Fellipe Sampaio/STF